27 JAN 2016

À frente da Paróquia São Sebastião há quase uma década, Frei Vilson Rech desperta elogios quando o assunto é administração.

Pároco e Reitor do Santuário Nossa Senhora do Carmo, em Paranavaí, Frei Rech é convincente quando o assunto é fé e política.Nascido em Graciosa, de família alemã, Frei Rech seguiu o caminho religioso e busca no ano da misericórdia, clamado pelo Papa Francisco, a esperança da conversão de muitos homens e da própria situação em que se encontra o país.


Frei Rech, como aconteceu o chamado religioso para a sua vida?

Eu fiz um encontro vocacional em 1994 no Seminário São João da Cruz, hoje Colégio Paroquial Master. Ao terminar o ensino fundamental, podíamos optar pela próxima etapa do ensino religioso e assim dei continuidade aos meus estudos. Esse ano de estudo e dedicação é chamado postulantado, ou seja, é durante esse ano incluso no seminário que conhecemos a questão missionária, as pastorais e o trabalho religioso realizado na comunidade com o povo. Ao terminar essa fase, recém-ordenado vim para a Paróquia de São Sebastião.

E como foi para a sua família receber de você, com apenas 17 anos, essa decisão?

Meus pais nunca desconfiaram, mas aceitaram bem. Meu pai sempre foi um homem muito prudente e me apoiou desde o início. Lembro-me como se fosse hoje ele dizendo: “Se por ventura, em algum momento você achar que não é isso que você quer pra a sua vida, a tua casa sempre será aqui”. Essa foi uma decisão minha, meus pais nunca interferiram e sempre estiveram comigo.



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“A crise política afetou toda a população brasileira e a gente
vê que nem mesmo àqueles que governam o país estão
conseguindo se governar. O lado financeiro ligado a essa
realidade também afetou muitas pessoas.”



Há quanto tempo o senhor está à frente da Paróquia São Sebastião e quais foram os maiores desafios nessa caminhada?

Bem, a Paróquia de São Sebastião é uma referência grande para Diocese, por estar localizada no centro de Paranavaí ela acaba tendo um trabalho pastoral bem diferenciado.

Nós temos um trabalho muito grande com a formação de lideranças da paróquia. Nosso processo hoje é formativo e para isso foi preciso reestruturar a secretaria, a catequese, as pastorais, desde o espaço físico, como a informatização, à equipe de mão de obra, de voluntários e de profissionais envolvidos. O mundo está globalizado, o município se desenvolveu e nós estamos tentando acompanhar esse desenvolvimento.

Frei, existe um maior número de fiéis em busca da fé, o senhor credita esse quadro ao momento delicado em que o nosso país atravessa?

A crise política afetou toda a população brasileira e a gente vê que nem mesmo àqueles que governam o país estão conseguindo se governar. O lado financeiro, ligado a essa realidade também afetou muitas pessoas. A busca por uma palavra de conforto, pela religião e pela fé aumentou. É na igreja que as pessoas buscam em primeiro lugar o acolhimento e o conforto espiritual para atravessar esse momento difícil.

O que o senhor espera para 2016?

Do lado político as perspectivas não são as melhores, de acordo com a crise financeira ainda teremos um ano... O ano de 2016 será bem difícil. Eu gostaria que os corruptos fossem extintos do governo, pois quem é corrupto corrói muitas pessoas. O problema do país está nos deputados e senadores, todos os partidos são corruptos e o nosso erro como democracia é viver as situações partidárias. Nós não deveríamos ter alianças partidárias, nós não deveríamos votar em deputados e senadores corruptos, são eles que roubam o nosso país e o nosso estado. Infelizmente o povo está aprendendo na dor, quem sabe assim o povo brasileiro também aprende a não votar em um Tiririca. Eu sou a favor de uma reforma política.

E quantos anos a mais vamos precisar apanhar para pagar o preço dessa manipulação, dessa desordem intelectual, Frei?

Acredito que uma Reforma Política para acabar com as coligações partidárias seria um bom caminho. A proposta do candidato muitas vezes é boa, mas a coligação com o outro partido destrói todo o planejamento.

Do que adianta a proposta ser boa e as trocas de favores serem maiores do que a proposta?

É dessa maneira que os nossos governantes ficam amarrados e não conseguem executar o que realmente o nosso país precisa. Essa mudança ainda vai levar um tempo bom para acontecer, o povo brasileiro esquece rápido de tudo que acontece. Eu tenho muita esperança nesse ano da misericórdia que o Papa Francisco lançou para Igreja. Acredito que precisamos buscar essa misericórdia e que o corrupto, o assassino e o ladrão possam se converter. Esse é o ano da misericórdia e precisamos viver esse sentimento. Eu acredito também que o povo está em busca desse encontro com DEUS, desse conforto espiritual.

Como trabalhar com Educação, política e justiça nesse ano da misericórdia?

Nós temos tudo nas mãos, 2016 é um ano que vai ter campanha política, teremos as eleições municipais, é um ano misericordioso para Igreja Católica. A Igreja pode mostrar que o homem precisa ser bom como cidadão.

Não dá mais para prometer e não cumprir, o povo brasileiro não precisa mais de promessas.

O povo brasileiro também não deverá mais votar no candidato “meu amigo”, que me deu isso ou aquilo e sim filtrar as informações, estudar o candidato e não ser orientado pelo material que a TV está vendendo. Política e Fé é um bom assunto para se investir e trabalhar em 2016. Toda igreja pode trabalhar com o seu povo política e fé!

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