03 AGO 2014

Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade

Ainda como resultado dos trabalhos da 52ª Assembléia Geral da CNBB foi publicado a poucos dias pelas Edições da CNBB, o Documento de Estudo 107 que trata sobre o laicato na Igreja e na Sociedade. O documento é feito de 247 números e foi organizado pela Comissão Episcopal do Laicato. É composto por uma Introdução e mais três capítulos: a Introdução tem uma dimensão mais histórica; o primeiro capítulo é de leitura da realidade atual; o segundo é teológico e o terceiro capítulo é pastoral-prático.

Convém citar o número 69 que lembra o conceito de laicato partindo da Lumen Gentium: “pelo nome de leigos aqui são compreendidos todos os cristãos, exceto os membros de ordem sacra e do estado religioso aprovado pela Igreja. Estes fiéis foram incorporados a Cristo pelo Batismo, constituídos Povo de Deus e, a seu modo, feitos partícipes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, pelo que exercem sua parte na missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo” (LG,31). Quer retomar mais uma vez a reflexão sobre o trabalho do laicato na Igreja e na Sociedade. Muitas vezes a CNBB e a Igreja se pronunciaram sobre o assunto e quer, mais uma vez, animar esta maior parcela da Igreja para que possa, realmente, agir na Igreja e no mundo a partir dos novos desafios que são esclarecidos pelo documento.

Na Introdução é citada a expressão em que os leigos são “o mundo na Igreja e a Igreja no mundo” e mostra bem a necessidade do diálogo e do serviço neste relacionamento mútuo. Além disso, a busca de uma Igreja “em saída”. Mostra que a partir do laicato precisamos avançar sempre mais no diálogo com as realidades humanas. O Papa Francisco reafirma e convoca os leigos para a consciência de sua pertença eclesial e de sua missão na Igreja e no mundo (n.12).

As esperanças e angústias são o tema do primeiro capítulo. Reconhece que a compreensão do mundo de hoje é um grande desafio. Os variados veículos de comunicação conectam os indivíduos e povos aos fatos e as interpretações que acontecem em tempo real nos quatro cantos do planeta (n. 17). Cita as tecnologias, a organização financeira, o sistema social, a cidade, a cultura urbana, a informação como bases fundamentais do mundo globalizado. Porém, chamam atenção algumas características do mundo globalizado: satisfação individual e indiferença pelo outro; supremacia do desejo em relação às necessidades; predomínio da aparência em relação à realidade; inclusão perversa e falsa satisfação. Esta é a realidade que nos rodeia e nos desafia. Chama atenção para o perigo das tendências e práticas pastorais simplesmente engolirem estas propostas do mundo globalizado.

O Capítulo II busca definir e descrever a missão do “sujeito eclesial: cidadãos, discípulos missionários”. Busca mostrar, acima de tudo, a necessidade da construção da comunidade, pois este sujeito cristão se realiza, como pessoa, dentro da comunidade. Cita, além disso, a necessária experiência pessoal de Jesus Cristo. Chama atenção para a diversidade do mundo e da Igreja de hoje; a maravilha da Igreja, toda ela ministerial. Cita alguns elementos do diálogo da Igreja com o mundo: a Igreja em saída; as tentações do clericalismo e do laicismo; a Igreja encarnada no mundo; uma Igreja pobre, com os pobres e para os pobres; uma Igreja do serviço, da escuta e do diálogo e a ação dos cristãos leigos: sal da terra e luz do mundo. O último capítulo fala da ação transformadora na Igreja e no mundo. Busca reconhecer a organização do laicato na Igreja e oferecer pistas para a sua organização e atuação.

Este é um documento de estudo. Os movimentos, pastorais, organizações, padres e lideranças são convidados a estudá-lo e dar sugestões que possam vir a enriquecê-lo até a próxima Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, onde deverá ser aprovado. Esperamos que ele, desde já, colabore no amadurecimento da fé e da ação dos leigos e leigas da Diocese de Paranavaí.

Dom Geremias Steinmetz – Bispo da Diocese de Paranavaí

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